Pontos & Notas

Profissionalização da gestão familiar

Pai rico, Filho nobre, Neto pobre.

Até quando?

Quantas vezes você se perguntou se sua empresa estava em um caminho de sucesso ascendente (pessoal, financeiro, sustentável, social, etc.) e como poderia trilhar um caminho melhor e menos penoso?

Quantas vezes desavenças familiares e a sensação de continuar fazendo aquilo que sempre deu certo, e hoje não dá mais, te tirou do prumo ou ocupou seus pensamentos?

O Brasil tem cerca de 7 milhões de empresas, sendo que 90% delas são empresas familiares, independente do porte, sendo eu todas tem papel significativo no desenvolvimento econômico, social e até político do país – e principalmente das microrregiões que estão instaladas.

Parece que a estatística é muito alta?  Grandes corporações são familiares, e às vezes esquecidas por esta característica, são empresas como os grupos Votorantim e Pão de Açúcar, Klabin, Muffato, Viação Garcia e Belagrícola, as três últimas paranaenses, entre tantas outras que, juntas, somam 2 milhões de empregos diretos no País.

Em 2014, no Brasil, 79% das empresas familiares apresentaram crescimento (14% acima do resultado global), sendo este crescimento atrelado à governança corporativa e planejamento da sucessão. Entretanto, a preocupação para manter uma empresa familiar é grande. A cada 100 empresas familiares brasileiras, 30% chegam à segunda geração e apenas 5% na terceira geração. Os números comprovam que muitas não conseguem sobreviver a esta passagem ou chegam lá com muita dificuldade. 

Anualmente o SEBRAE publica estudo e relatório sobre a Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil, sendo que em 2010 58% das empresas de pequeno porte encerraram as atividades antes de completar cinco anos. Entre os principais motivos descritos pelos empresários que participaram do estudo, o encerramento se deu em razão da falta de clientes (29%) falta de capital (21%), burocracia e os impostos (7%), alta concorrência (5%).

Além destes fatores o SEBRAE, assim como diversos pesquisadores de administração empresarial, aponta outros fatores que influenciam no processo de mortalidade das Micro e Pequenas Empresas - MPEs como a falta de planejamento, de técnicas de marketing, de avaliação de custos e fluxo de caixa, entre outros.

Ainda, a Junta Comercial do Paraná, em seu Relatório estatístico de 2017 (janeiro a novembro) mostra que é praticamente igual o número de empresas abertas e extintas em 2017.

Vê-se que a realidade no Paraná é similar ao cenário nacional, onde a mortalidade empresarial é alta ante a permanência no ramo empresarial.

No relatório de 2016 sobre a taxa de sobrevivência das empresas o SEBRAE apresenta um quadro comparativo entre as empresas sobreviventes ante as empresas encerradas:

Vale a pena observar estatísticas sobre a sobrevivência empresarial e empreendedorismo no Brasil em comparação ao que ocorre em outros países. Essa análise pode parecer um “balde de água fria”, mas deve ser interpretada como realidade cotidiana.

Alguns dados resumidos:

- Sobre empresas familiares:

95% das 300 maiores empresas são controladas por famílias;

80% das empresas existentes no mundo são familiares;

70% dos empreendimentos familiares existentes no mundo não resistem à morte do fundador;

De cada 10 empresas brasileiras, nove eram familiares e que seu controle estava com uma ou mais famílias;

- De acordo com o relatório especial sobre educação do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2010, apenas 9% da população adulta brasileira havia recebido treinamento sobre como iniciar um negócio, refletindo uma das piores taxas do mundo. No Chile, por exemplo, essa proporção é de 43% e, na Argentina, 20%.

- Em relação ao quanto custa abrir uma empresa ao redor do mundo, já descontada a inflação e a taxa de câmbio (os valores estão em dólares americanos) o Brasil é um dos mais caros:

Nova Zelândia  US$ 109,00                         Irlanda  US$ 127,00 Reino Unido US$ 246,00 Estados Unidos  US$ 325,00 Singapura US$ 352,00 Brasil US$ 704,00 Arábia Saudita US$ 1.571,00 Índia US$ 2.049,00  

Comparadas às estatísticas apresentadas percebe-se que na realidade um dos maiores problemas apontados pelo empresariado é a falta de consciência sobre as próprias falhas e ineficiências. Aposta-se em problemas externos (falta de cliente, concorrência e impostos) antes de se analisar as deficiências empresariais na gestão e planejamento do negócio empresarial.

(pesquisa) Cite os 3 principais motivos que considera fundamental para que a empresa deixasse de funcionar.

O Empresário que encara a mortalidade aponta problemas externos, sendo que quando se compara a sobrevivência e a mortalidade, a principal diferença se encontra nas fases de planejamento e a forma de gestão. Então, o planejamento e gestão são as únicas alternativas para garantia de sucesso? Também não.

O empreendedorismo é uma soma de ferramentas bem aplicadas em um único operador: o empreendedor consciente!

Assim, vê-se que o sucesso e garantia de prosperidade empresarial geralmente está atrelado a 10 passos:

Fidelidade ao propósito empresarial. Planejamento constante; Respeito à capacidade financeira pessoal e empresarial; Rígido controle e separação das finanças pessoais e empresariais; Constante acompanhamento da concorrência; Prospecção de novos fornecedores, mais adequados à realidade da empresa; Rígido controle de estoque (ativo e passivo); Estratégia de Marketing definida a curto, médio e longo prazo; Inovação do produto e/ou serviço de sucesso; Investimento constante na formação empresarial;  

Especificamente à empresa familiar, tem que se ter a noção que quem quer crescer, terá que se profissionalizar. Isso não significa que o dono ou os herdeiros tenham que se afastar do negócio. Jamais! Significa apenas que aqueles que ficarem estarão ali por mérito, e não pelo sobrenome.

São os passos a serem mais analisados na sucessão familiar:

Quem será o CEO? A escolha do diretor executivo não é obrigatória, com essa nomenclatura, mas sempre será necessário que se determine quem é o responsável pela condução das estratégias definidas para a empresa (corporação). Pode ser alguém da família, desde que o eleito esteja preparado para o cargo e essa não seja uma decisão movida por questões emocionais ou por comodidade.

Para se certificar de que é a escolha correta, compare os indicados a profissional do mercado que esteja no mesmo nível, inclusive quanto à remuneração.

Frisa-se a remuneração por um motivo muito simples: só porque o responsável pela administração da empresa é familiar ele e merece receber menos que um profissional externo só porque um dia ele poderá herdar o negócio?

Ele não está sendo remunerado por ser familiar, mas sim por ser o profissional por conduzir o planejamento estratégico da empresa, e será responsabilizado por isso.

Ferramentas de gestão e planejamento. Descrições de cargo, metas, métricas, mapeamento de processos, planejamento estratégico, Canvas, etc... Quanto mais recursos e ferramentas auxiliarem na condução da gestão corporativa, com objetividade, mais rápido a empresa se profissionaliza.

Comunicação Integrada Todas as empresas devem compartilhar de uma das premissas básicas da OUTLIERS Consultoria Colab: o óbvio não é óbvio!

Familiares ou não, a comunicação deve estar sempre alinhada à cultura e aos objetivos da empresa. Se a cultura corporativa é habituada a tomar decisões conjuntas, assim se manterá. Se alguma decisão for tomada de forma individualizada, deverá ser explicada! Assim como o planejamento estratégico sempre deve ser esmiuçado.

Cultura Corporativa A cultura corporativa deve ser sempre respeitada, independente se o CEO é familiar ou contrato externamente. Os valores devem estar sempre alinhados ao da empresa.

Vê-se que a gestão familiar é apenas uma característica da empresa, e não sua forma de gestão!